As NFT: qual o seu impacto para o ambiente?

NFT significa "non fungible token".
O adjetivo « fungible » é um termo económico que faz referência a um bem ou a um ativo que pode ser trocado contra outro bem ou outro ativo do mesmo valor.Um elemento « non fungible » não pode ser trocado por outra coisa de mesmo valor.
Por isso uma NFT é um registo digital ao qual está associado um certificado de autenticidade, tornando-o único.Obtendo uma NFT, um comprador torna-se proprietário de um bem digital: uma pintura, um vídeo, uma fotografia, um elemento de jogo de vídeo, um filme, etc.
Apesar deste bem ser digital é visível par todo o mundo, uma pessoa é oficialmente o seu proprietário, podendo prová-lo graças ao token.
E se quiseres realmente saber mais sobre este assunto, podes ler este artigo de decifração.

Uma NFT é baseado  numa blockchain. Mais uma palavra nova? Tens razão, eu também acho que tens de estar atento para conseguires acompanhar isto tudo.

Voltando à história do blockchain: trata-se de uma tecnologia para armazenar  e transmitir informação, que é transparente, segura e sem um organismo de controlo central. Tem a particularidade de ser partilhada simultaneamente com todos os seus utilizadores e não depende de nenhum organismo central. Tem a vantagem de ser rápida e segura. O problema é que algumas blockchains são muito consumidoras de energia. Basicamente (e não precisas de ler mais), a 'blockchain' funciona por blocos de transações. Para validar um bloco, é necessário executar algoritmos e resolver cálculos muito pesados. Uma forma de garantir a segurança de tudo, se quiseres. O problema é que estes algoritmos não correm, nem fazem realmente cálculos por si próprios: precisam de grandes servidores, que têm bastante fome de energia.

Tudo bem, podes retomar a leitura aqui. Para te dar uma ideia, uma transferência de bitcoin, por exemplo, equivale a 20 horas de funcionamento de um secador de cabelo. São muitas pontas secas e madeixas estragadas.
(“mas serve para quê?” é a tua pergunta recorrente. Eu percebo, resumidamente: uma NFT, graças à blockchain, é única. E depois? É “simples”: se é uma coisa única, é porque tem valor.)

É uma ótima pergunta. Aparentemente a razão é simples.Em todo o caso, parecia simples quando o Valentin Auvinet, leader NFT na DECATHLON, me explicou: compatibilidade com o maior marketplace (o local virtual onde as NFTs são compradas e vendidas).Ok, isso é importante.

Ou seja… mas não é só isso.Assim, é possível preferir um mecanismo menos gastador em termos energéticos. É a altura de te apresentar uma nova noção: a Proof-of-Stake (PoS). Um mecanismo muito diferente da Proof-of-Work, o método "tradicional" com algoritmos e tudo isso.
O Proof of Stake não se baseia no princípio da mineração (que implica efetuar cálculos) mas... bem, eu pedi ajuda ao Valentin para me ajudar a definir isto para ti: “É uma validação com um sistema de voto. O "peso" dos votos está ligado ao número de utilizadores que delegaram o seu poder através do montante que têm em cripto-moeda.”
Bem, lembra-te que o PoS consome menos energia graças ao seu modo de funcionamento. Se realmente quiseres mais detalhes, o website da Tezos também tenta explicar isto: "Em caso de prova de participação, os validadores não estão a competir entre si para resolver enigmas criptográficos. Em vez disso, a rede distribui a produção de blocos de acordo com a percentagem de participação de uma pessoa na rede."
Para teres uma ideia, uma transferência na rede Tezos consome cerca de 2.4E-4 g de equivalente CO2 por ciclo ou seja, 2,5 g de equivalente CO2 por transação. Em comparação, um e-mail consome 4g de CO2 eq. por transação.

Isso agora é uma questão de pontos de vista.

A WWF tentou algo recentemente (início de 2022), para angariar fundos para a conservação de habitats ameaçados, ajudando a proteger o futuro das espécies ameaçadas.O exercício é perigoso, porque vista em cima que o próprio princípio da NFT, da blockchain, tem um impacto bastante importante rapidamente. A ONG tem desde então indicado que continua à procura de novas formas de envolver as pessoas.

Num universo completamente diferente, a  Guerlain oferece-se para se juntar ao  reaverse para ajudar as crytpobees. Em termos concretos, isto significa a venda de NFT para financiar a reabilitação de 28 hectares de reserva natural. "Cada Cryptobee tem características únicas e está ligada a uma das 1828 parcelas da reserva natural. A coleção é composta por 4 níveis de raridade.​” Este reaverse apoia-se na plataforma Tezos, dita “mais responsável” (já falámos em cima).

O setor energético (incluindo a EDF e a Engie em França) também compreendeu o interesse em abordar a questão revelando um  Crypto Climate Accord em 2021.
Inspirado pelo Acordo de Paris, o objetivo global do Crypto Climate Accord (CCA) é descarbonizar o setor criptográfico global dando prioridade à gestão climática e apoiando a transição de todo o setor criptográfico para emissões líquidas de gases com efeito de estufa zero até 2040. O acordo tem dois objetivos intermédios específicos:
- Atingir emissões líquidas zero do consumo de eletricidade para os signatários do CCA até 2030,
- Desenvolver normas, ferramentas e tecnologias com apoiantes da CCA para acelerar a adoção de blockchains e verificar o progresso no sentido de alcançar 100% de energia renovável até à conferência COP30 da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas) em 2025.